terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Dar a jeira

Martim
Martim


Martim



Dar a jeira é trabalhar no campo com pagamento diário. Dei muitas vezes a jeira, todos lá em casa deram. Os meus pais não tinham salário, trabalhavam nas poucas terras que tínhamos e trabalhavam à jeira para outros que precisavam; era assim que conseguiam ganhar algum. Quando tivemos idade, a partir dos 12, 13 anos começamos a ir trabalhar também à jeira, principalmente nas grandes ceifas, como apertar e enrolar pampos (rebentos de videiras), vindimar e apanhar azeitona. Era para a “casa grande” que trabalhávamos; uma casa no meio da aldeia, que sempre teve caseiros e a quem pertenciam a grande maioria das terras, (prédios, como lhe chamamos em Martim). O que era agradável nestas alturas é que ia muita gente, novos e velhos, alguns colegas de escola que precisavam mais, como nós. Na apanha da azeitona, as raparigas mais velhas juntavam-se mais para conversar e as mais novas ficavam por trás a apreciar tudo. Lembro-me uma vez que uma até levou a letra de uma canção em inglês escrita na mão para não se enganar; cantava bem. Outra vez na vindima, quando estava quase a acabar o dia, juntamo-nos todos no fundo da vinha e os que já tinham acabado o valado (cordão de videiras) ajudavam aqueles que ainda estavam para trás; foi então que ao ajudar um senhor, comecei a cortar uvas pela parte de cima e lhe apanhei um dedo, o sangue começou a esgrichar e ele teve de ir embora, disse que podia ter acontecido mais cedo, que no final do dia já pouco valia a pena; eu fiquei sem saber onde me meter. Dos trabalhos que gostava mais era de apertar e enrolar os pampos, além de se andar de costas direitas é um trabalho que se fazia nos meses de Junho e Julho. Levantávamo-nos de madrugada e lá íamos nos ainda meio adormecidas, com um chouriço no bolso para comer a meio da manhã se nos desse a fome. O trabalho começava às 5h30, ainda com as folhas molhadas do orvalho e acabava às 9h30; apreciávamos o nascer do sol e as conversas dos mais velhos. Às vezes voltávamos de tarde mais quatro horas.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

As poldras

imagem tirada da net


No rio de Martim, no sitio onde íamos lavar não havia ponte, usávamos as poldras, umas pedras enormes rectangulares espaçadas entre elas; saltávamos de umas para as outras até chegarmos ao outro lado. As pessoas que tinham terras para cultivar em “além do rio” também as usavam. Eu e as minhas irmãs gostávamos muito de as passar a correr. Na altura do inverno a minha mãe ficava sempre com medo e ralhava connosco, como o rio levava muita água e a corrente era forte se caíssemos éramos arrastadas por ela. Uma vez morreu um senhor afogado nas poldras, o Sr. Maracoto, como lhe chamavam. Lembro-me que era muito alto e tinha uma barba branca, era um velhote bonito. Um fim de tarde vinha de Pagarinhos e caiu quando ia a atravessar; só deram com ele no dia seguinte ao fim da tarde porque o cavalo dele chegou sozinho à aldeia e as pessoas foram procurá-lo. A minha mãe falava-nos sempre dele para nos pôr medo, mas nós às escondidas lá íamos sempre para o desafio. Nunca caímos.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Charles Baudelaire







" O mais irritante
   no amor é que
   se trata do tipo
   de crime que exige
   um cúmplice."

sábado, 28 de janeiro de 2012

Batatas assadas no forno




Para 4 pessoas

- 10 batatas médias aparadas e cortadas aos cubos
- 1 cebola média cortada em rodelas finas
- sal, pimenta preta, pimentão doce, azeite, orégãos e vinho branco a gosto

Envolver as batatas com os temperos, por num tabuleiro e espalhar a cebola por cima. Vai ao forno a 180cº durante mais ou menos uma hora.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

2 reguadas



Ontem ao final do dia estava a ajudar a minha filha mais nova a fazer os deveres de matemática quando chegou a vez de ela escrever os números por extenso.  Foi então que me lembrei da única vez em que a minha professora primária me deu duas reguadas; foi na segunda ou terceira classe na altura em que estávamos a corrigir uma ficha de avaliação de matemática. Sempre fui boa aluna a matemática e quase que fazia os exercícios de olhos fechados. Eu tinha deixado a minha colega do lado copiar os números por extenso e a professora que sabia que a colega tinha dficuldades perguntou-me se a tinha deixado copiar, eu disse que não, ela perguntou à colega e ela disse que sim! A professora chamou-me ao quadro e deu-me duas reguadas, disse que não era por ter deixado copiar mas sim por mentir. Não me lembro de ter mentido mais mas sempre deixei que copiassem por mim. Outra vez, já no 9º ano, fizemos um teste de matemática onde uma colega copiou à descarada e a professora apercebeu-se mas como não era eu a copiar não dei importância. No dia em que recebemos o teste a minha colega teve 100% e eu ZERO! Fiz um escândalo, a professora chateou-se comigo mas eu não queria saber, dizia que não tinha copiado! E não tinha! Ela disse que se eu não me calasse me punha na rua. Não queria acreditar! Lembrei-me então de lhe dizer para me mandar ao quadro fazer a correcção. Ela, desconfiada, aceitou. Foi a minha salvação e foi assim que consegui os meus 100%.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Regar a horta

baldão


O meu pai sempre teve 2 hortas, uma no alvarilhão e outra no carvalhal, onde semeava e plantava um pouco de tudo. Lembro-me muito bem de irmos todos regar nos meses de calor. No carvalhal, que ficava fora da aldeia, havia um poço com baldão, onde se punha um balde e se puxava a água, era o meu pai que o fazia e deitava a água no rego que ia do poço até à horta, a seguir éramos nós que tomávamos conta dos regos da horta ou seja, arregueiravámos a água, quando o rego ficava cheio tapávamos a entrada com terra e a água corria para o rego de baixo. Às vezes distraiamo-nos a comer tomates ou cenouras e a água saía para fora, lá ouvíamos então o assobio do meu pai a chamar-nos a atenção. No alvarilhão, que ficava na aldeia, o poço não tinha baldão, punha-se uma corda amarrada ao balde e puxava-se a água, também não tinha rego que ia do poço até à horta, levavam-se os baldes na mão. O que era interessante é que quando havia pouca água tinha que se descer ao poço. Éramos nós que descíamos. Quando penso bem, ainda consigo sentir o frio do poço à medida que ia descendo, e uma certa ansiedade por não saber muito bem o que poderia encontrar. Encontrei sempre só água, e um alívio muito grande quando começava a subir e saltava cá para fora.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Chiclas...





Ontem entrei num quiosque para meter o euromilhões, (sim, também jogo!) e ao olhar para o lado vi dentro de uma taça chiclas gorila. Há quanto tempo não as via… já me tinha esquecido delas; comprei algumas. Lembrei-me que por volta dos meus 13 anos tive um amigo colorido, não foi namorado, foi só um amigo que de vez em quando me oferecia chiclas gorila. Eu guardava-as numa caixa como se fossem um tesouro e não me atrevia a comê-las; chegaram mesmo a ficar duras como pedras por tê-las guardado tanto tempo. Por acaso esse amigo é hoje meu cunhado. Também me lembrei agora de outro amigo que me oferecia garrafas de água das pequenas.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A minha amiga Peruske




Lembrei-me da Peruske no sábado. Depois de sair do trabalho fui ter com a minha irmã e fomos ao cinema ver “Os homens que odeiam as mulheres”, gostei muito e como é uma trilogia estou ansiosa por ver os outros dois. A minha irmã que é uma “habituée” do cinema olhava para mim e  perguntava se eu estava bem. Foi então que me lembrei da Peruske, uma rapariga peruana muito simples e simpática que conheci em 1990 na Alliance Française; ficamos amigas e saíamos de vez em quando. Um dia fomos ao cinema, era a primeira vez que ela ia mas fui eu que escolhi o filme. A minha irmã Cecilia também estava em Paris nessa altura e foi connosco. Fomos ver “O silêncio dos inocentes”. Ao sairmos da sala a Cecilia reparou que a Peruske estava muito pálida e eu perguntei-lhe se ela estava bem, ao que ela respondeu: - Oh! Zeza, j’ai eu tellement peur! 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Paris

O meu pai sempre nos disse que só nos podia trazer na escola até ao 9º ano, a partir daí seria por nossa conta. E assim foi. Quando acabei o 9º ano no final de Junho de 1987, fui trabalhar para o Algarve no mês de Julho e regressei a Martim no mês de Agosto. Lembro-me que foi um mês muito quente em que trabalhei no campo a arrancar erva; começávamos às 6h da manhã até às 10h, vínhamos a casa e voltávamos de tarde das 16h às 20h. A razão porque me lembro assim tão bem é porque nesse intervalo do meio-dia aproveitávamos para dormir um pouco, e eu sonhava que andava a arrancar erva... Um pesadelo. E uma vez que já não ia voltar à escola como é que iria ser o resto do ano?!. Foi então que no final de Agosto apareceu em minha casa um senhor, filho de um conhecido do meu pai, de uma aldeia vizinha, a dizer que morava em Paris e andava a procura de alguém para levar com ele para tomar conta dos filhos, e se eu (moi-même) gostaria de ir? Passei o resto do dia a vomitar e mal disposta. Como é que eu ia para Paris assim? Mas o certo é que no final do mês lá fui eu... Sozinha, sem conhecer ninguém e sem saber muito bem a língua apesar de ter tido francês na escola. Foi uma aventura. Sai de Martim no dia 27 de Agosto de 1987, poucos meses antes de fazer 18 anos. Fui de carro com o irmão do tal senhor, a mulher e a filha. Quando estávamos a atravessar a Espanha o carro avariou e tivemos que o empurrar durante algum tempo e eu começava a pensar no que ainda estaria para vir, talvez tivesse sido melhor ter ficado em Martim. Tive vontade de chorar mas não o fiz. Um dia depois do previsto lá cheguei eu finalmente aquela bela cidade, que hoje conheço quase tão bem como as palmas das minhas mãos, e depois foi sempre a andar...





domingo, 22 de janeiro de 2012

Jean Paul Sartre

 


"Um amor,
uma carreira,
uma revolução:
tantas outras coisas
que se começam
sem saber
como acabarão."

sábado, 21 de janeiro de 2012

Guerreiro da luz...









Existem momentos na minha vida (poucos) em que me sinto verdadeiramente perdida. Nesses momentos sinto-me também muito sozinha; não percebo muito bem mas tenho para mim que os amigos fogem ao verem o nosso sofrimento, será porque pensam que só eles é que sofrem? Ou será que ficam com medo porque não estão habituados a verem-nos assim? Não sei... O que sei, é que tenho momentos destes em que me encontro mesmo sozinha... e perdida... e é então nessas alturas que me dá para agarrar um livro e abri-lo ao calhas.

Hoje peguei no manual do guerreiro da luz do Paulo Coelho. Abri-o:

" O guerreiro da luz tem cuidado com as pessoas que pensam conhecer o caminho.

Elas estão sempre tão confiantes na sua própria capacidade de decidir, que não percebem a ironia com que o destino escreve a vida de cada um: e protestam sempre quando o inevitável bate à porta.

O guerreiro da luz tem sonhos. Os seus sonhos levam-no adiante. Mas ele jamais comete o erro de pensar que o caminho é fácil e que a porta é larga. Sabe que o universo funciona como funciona a alquimia: solve et coagula, diziam os mestres. “Concentra e dispersa as Tuas energias, de acordo com a situação.”

Existem momentos para agir, e momentos para aceitar. O guerreiro faz a distinção.

O guerreiro da luz, quando aprende a manejar a sua espada, descobre que o seu equipamento precisa ser completo - e isso inclui uma armadura.

Ele sai em busca da sua armadura, e escuta a proposta de vários vendedores.

“Usa a couraça da solidão”, diz um.

“Usa o escudo do cinismo”, responde outro.

“A melhor armadura é não se envolver em nada”, afirma um terceiro.  

O guerreiro, porém, não lhes dá ouvidos. Com serenidade, vai até ao seu lugar sagrado e veste o manto indestrutível da fé.


 A fé apara todos os golpes. A fé transforma o veneno em água cristalina."


Gosto muito e faz-me bem ler o que escreve  o Sr. Paulo Coelho, na verdade também gostava muito de ter um abraço dele... Lá vai a minha irmã chamar-me GROLA outra vez!...



Beringelas gratinadas





As beringelas devem escolher-se sempre de cor uniforme e sem manchas de “ferrugem”.


Ingredientes para 4 pessoas:

-2 Beringelas grandes

-1 Lata das grandes de tomate pelado

- 2 Mozzarellas

- Azeite, sal, pimenta, manjericão fresco, e parmesão a gosto


Descascam-se as beringelas, partem-se às rodelas e salpicam-se com sal fino para expelirem o excesso de suco; meia hora depois, enxugam-se em panos ou papel de cozinha. Faz-se um molho de tomate pondo o azeite a aquecer; junta-se o tomate, sal, pimenta e manjericão. Ferve 10 minutos. Numa frigideira untada com azeite grelham-se as rodelas de beringela, virando de um lado e do outro. Num tabuleiro de ir ao forno põe-se tudo em camadas; molho de tomate, beringelas, mozzarella e termina-se com a camada de molho de tomate pondo por cima o parmesão. Vai ao forno durante 30 minutos.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Esse livro...

Por volta dos meus 12 anos li um livro que nunca esqueci, apesar de ter esquecido o título e o autor. Era verão e eu andava a acarrar água com um caneco para casa da minha madrinha, tinha dias de ir 10 vezes ou mais ao fontanário; num desses dias quando me sentei um pouco para descansar peguei num livro que estava por ali e comecei a ler. Demorei pouco tempo a lê-lo; enquanto descansava, sentava-me debaixo da mesa da sala e ia lendo. Contava a história de dois homens, um mais velho e o outro mais novo que andavam à procura de alguma coisa numas montanhas, não me lembro bem do quê; o que me lembro e foi isso que me marcou era que à medida que iam andando e procurando iam-se transformando em pedra, por isso a caminhada começou a ser cada vez mais lenta até que chegou o dia em que ficaram petrificados, não podendo avançar mais. O que me angustiou durante muito tempo quando pensava neles era o facto que mesmo depois de ficarem assim continuavam a ter sentimentos e a sentir como se fossem pessoas. E enquanto ali estivessem ia ser sempre assim. Lembrei-me hoje de contar isto porque acho que me sinto um bocado como eles… Gostava de voltar a ler esse livro, mas não sei como.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Primeiro dia de escola


 
 

Lembro-me muito bem do primeiro dia em que fui à escola. Estava quase a fazer 7 anos, naquela altura só entravam para a escola os alunos que tivessem 6 anos no dia em que a escola abrisse, eu sou de 24 de Outubro por isso fiquei para o ano seguinte. O primeiro trabalho que fizemos nesse primeiro dia foi irmos apanhar folhas de videira e decalcá-las para uma folha em branco que colorimos a seguir. No final do dia (o horário era das 9h às 15h) os pais foram-nos buscar. Foi a minha mãe que foi e ao vê-la mostrei-lhe toda contente as folhas que tinha pintado; disse-me que não estava muito bem pois não se percebiam os contornos das folhas porque eu tinha pintado tudo a eito. 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Moletes com queijo





Quando havia um casamento em Martim era sempre altura de uma grande festa para todos, principalmente para a canalha. Os noivos iam casar à igreja do Candedo e o almoço era feito na casa de um deles só para os convidados. Ao chegarem a Martim e antes do almoço, distribuíam moletes com queijo flamengo, em cestos enfeitados com rendas feitas à mão, por todos aqueles que estivessem à espera deles para os verem e não fossem convidados para a boda. Lembro-me que eu e as minhas irmãs íamos sempre aos moletes com queijo e pedíamos um a mais para a nossa mãe.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Trovoadas

 


Sempre me impressionaram muito os trovões e os relâmpagos; em Martim quando trovejava os mais velhos diziam que era o Pai do Céu que estava a ralhar, lembro-me que a minha mãe fechava a porta, acendia velas e de rosário na mão rezava a Santa Bárbara e pedia para que passasse depressa. Depois de a trovoada passar vínhamos todos para a rua ver os estragos que tinha feito. Guardo na minha memória duas trovoadas gigantescas e lindas que presenciei; uma foi quando eu tinha 10 anos e estava com a minha mãe e uma das minhas irmãs a lavar no rio; de repente o céu começou a escurecer e a água do rio a subir. A minha mãe recolheu a roupa à pressa e pediu-nos para nos despacharmos a subir a ladeira que nos levava a umas fragas acima do rio, no momento em que estávamos a chegar a trovoada rebentou; eram estrondos tão fortes e relâmpagos tão baixos que pensei que íamos ser engolidas por aquilo. A minha mãe abraçou-nos e ficamos assim as três agarradas até passar. Entretanto apareceu o meu pai que tinha vindo ao nosso encontro. A outra tinha eu 22 anos, foi na Córsega. Fui para lá trabalhar no verão para guardar um menino. Estávamos em Porto Vecchio e fomos apanhar o avião a Ajaccio para regressarmos a Paris. Saímos às 4h da manhã de carro e a meio do caminho, ainda de noite, rebentou a trovoada, desta vez ninguém se abraçou mas fiquei com a impressão de que todos nos encolhemos no carro! O barulho do trovão era medonho e os relâmpagos cada vez maiores e mais perto como se fossem engolir o carro, parecia mesmo que íamos entrar pela trovoada adentro…


domingo, 15 de janeiro de 2012

Eleanor Roosevelt






" Ganha-se força, coragem e confiança em todas as experiências em que realmente paramos para olhar o medo nos olhos... É preciso fazer o que se julga que não se consegue fazer."

sábado, 14 de janeiro de 2012

Tomates recheados

A minha filha mais velha tem aulas de culinária às terças-feiras, dadas por mim. É ela que faz o jantar. A partir de hoje aos sábados vou pôr as receitas do que ela cozinhar.


Ingredientes para 4 pessoas:

-4 tomates grandes não muito maduros
-100gr de carne de salsicha fresca de aves
-2 gemas de ovo
-1 fatia de pão de forma embebida em leite morno
-sal, pimenta, azeite e salsa a gosto
-1 mozzarella

Lave os tomates, corte uma rodela à parte de baixo e retire as sementes e a polpa com cuidado. Salpique com sal e pimenta, ponha a escorrer. Num alguidar ponha a carne de salsicha, as duas gemas de ovo, a fatia de pão bem escorrida, salsa picada e as rodelas de tomate partidas aos pedacinhos. Envolva tudo muito bem e recheie os tomates. Por cima ponha uma rodela de mozzarella e regue com um fio de azeite. Vai a forno médio pré-aquecido durante 30 minutos. Acompanha com arroz branco ou puré. A Inês fez arroz branco.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O meu primeiro beijo


A primeira vez que um rapaz disse que gostava de mim tinha eu 12 anos, olhei para ele desconfiada e ao mesmo tempo admirada! Não acreditei; de mim não se gostava assim, pensava eu; ainda por cima a maioria dos meus amigos eram rapazes. Aos 15 anos fiquei perdidamente apaixonada por um moreno lindo um ano mais velho do que eu. Ele olhava para mim desconfiado e penso eu que ele pensava “ de mim não se gosta assim”. Um ano mais tarde continuava apaixonada por ele. Houve um dia em que fomos passear para o rio de Murça, um grupo de rapazes e raparigas, e o tal moreno também ia. Não sei muito bem como, num dado momento em que ficamos só os dois beijei-o nos lábios… E foi assim que aconteceu. Se tivesse ficado à espera nunca tinha acontecido! E foi tão bom e bonito aquele único beijo com aquele moreno de olhos verdes que cintilavam como estrelas e faziam o meu coração apertar-se e dar pulinhos no peito…

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O que a minha mãe passou comigo…

Entre os meus 14 e 17 anos fui terrível! Não fumei, não bebi, não namorei (muito), simplesmente embirrava com tudo. Chateava a minha mãe, punha-a à prova de manhã à noite. Que querem?! Era adolescente! Em pleno inverno não queria usar casaco (na semana passada quase morri quando a minha filha de 15 anos apareceu na cozinha às 7h da manhã só com dois farrapos vestido e disse que ia assim para a escola). Usava as calças muito esticadas, marcava-as com uma caneta e cosia-as à mão para ficarem bem justas, depois para as conseguir vestir deitava-me em cima da cama; usava-as com camisolas largas de malha que eu própria fazia (foi a minha tia que me ensinou). Quando o tempo estava mais quente vestia saias e vestidos curtos, ficava sempre com medo que o meu pai ralhasse mas tive sorte porque ele nunca disse nada; (a nossa roupa era toda dada e a minha mãe é que a arranjava). Íamos apanhar a carreira (camioneta) ao largo da capela para ir para a escola, eu andava sempre o mais devagar que pudesse, a minha mãe ficava doente, estava sempre à espera do dia em que eu não chegasse a tempo e dizia “em vez desta rapariga esperar pela carreira é a carreira que espera por ela”. E era verdade; o Sr. Luís (motorista) era muito simpático, acho que ele me compreendia. Obrigada Sr. Luís pelas tantas vezes que esperou por mim. Por vezes esquecia-me de comer, a minha mãe preocupava-se porque eu tinha um problema no estômago e andava sempre atrás de mim a perguntar o que é que eu queria, eu respondia sempre “comida”! Mas o que é comida para ti, perguntava ela. E eu lembro-me de lhe responder sempre “caldo de couves pretas” (não me perguntem porque eu também não sei o que é). Nessa altura também acho que devorei todas as “Biancas” e “Sabrinas” que apanhei. Tinha uma amiga que andava na mesma turma que eu (faleceu aos 37 anos, tive muita pena) que me levava para casa dela onde a mãe tinha uma estante cheia desses livrinhos pequeninos. Eu ia levando uns de cada vez para minha casa e lia-os ao borralho depois de todos se terem deitado. A minha mãe vinha dar comigo às tantas da noite e obrigava-me a deitar, antes ainda me preparava um leitinho quente; enquanto isso eu ouvia-a a resmungar, dizia que gostava bem de saber o que estaria escrito ali, e eu pensava com os meus botões que por uma vez dava jeito ela não saber ler. Uma vez li-lhe o “Amor de perdição”, a partir desse dia nunca mais a consegui enganar; acho que ela lia as minhas expressões quando eu estava a ler e como eu não gostava passei a ler às escondidas. Ainda hoje se me apanha a ler alguma coisa que me absorve mais pergunta logo qual é a história! Que saudades de ter alguém que cuide de nós…


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A Violeta e o Fadista



Tivemos uma cadela e um cão. Primeiro foi a cadela, a Violeta, era grande, preta e branca, muito dócil; por isso preparem-se para ficar sensibilizados (mas não demasiado) com o que vou contar a seguir (foi a minha irmã que me obrigou a contar esta): foi uma altura em que éramos todas muito pequenas, andávamos sempre engaliadas e batíamos umas nas outras. O nosso pai chateou-se e disse que nos castigava se nos voltássemos a bater. Eu, como mais velha era a que tinha que ter mais juízo mas talvez fosse a que tivesse menos; lembrei-me de bater na Violeta para a minha irmã chorar... e resultou. Por isso sempre que a minha irmã me chateava, como não lhe podia bater, batia na cadela (tinha o mesmo efeito, pensava eu). A violeta morreu velhinha e muito amada pela minha irmã. Já o Fadista que ela também adorava era pequenino, castanho claro e muito vivo, não podia ouvir nenhum barulho estranho que começava logo a ladrar. A primeira noite que desapareceu levamos todos um grande susto, procurámos por todo o lado e nada. Passou um dia, passaram dois... Ao terceiro dia o meu pai precisou de umas tesouras e lembrou-se que se tinha esquecido delas na horta do Carvalhal, foi lá buscá-las e adivinhem quem encontrou deitado ao lado delas?! A partir daí sempre que o Fadista desaparecia tentávamos todos lembrar-nos do que teria ficado esquecido e onde! Quando a minha mãe deixava roupa no rio a corar de um dia para o outro, mesmo que o trouxéssemos ao colo, ele fugia durante a noite e na manhã seguinte íamos encontrá-lo deitado ao pé da roupa.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Amanhecer

 Amanhecer em Serra Negra 21

 
Sempre gostei muito de ver nascer o sol, principalmente quando ia com o meu pai para a serra nos meses da primavera e verão. Íamos sempre muito cedo para cuidar das videiras, chegávamos sempre primeiro do que o sol; como eu gostava de me espreguiçar ao mesmo tempo que ele começava a espreitar e se ia elevando no céu... parece que ainda sinto o ar húmido da madrugada que começava a aquecer até ficar abrasador, altura em que descíamos a serra para ir almoçar. Sempre gostei mais de subir do que de descer, talvez porque ao subir ia aquecendo e acordando e ao descer me sentia a desfalecer.

 Hoje o que me dá mais prazer quando faço noite no meu trabalho é arredar os cortinados ainda de noite; o dia vai clareando; começo a espreguiçar-me e o sol aparece como se saisse de dentro do rio...é mágico...



domingo, 8 de janeiro de 2012

Albert Camus




     NO CORAÇÃO
     DO INVERNO
     APRENDI,
     FINALMENTE, QUE,
     DENTRO DE MIM,
     DORMIA UM VERÃO
     NVENCÍVEL.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Doce de laranja


Estive em Tavira na última semana do ano que passou. Uma amiga convidou-me para lhe fazer companhia. Foi ótimo! Fomos a casa do pai dela onde havia um laranjal e onde eu aprendi a apanhar laranjas. Trouxe muitas (obrigada senhor Ilídio), para não se estragarem fiz doce na segunda-feira (pela primeira vez) a minha irmã deu-me a receita, saiu bem.

Doce de laranja

-2kg de laranjas bem lavadas
-2,5kg de açúcar
Tempo de preparação: 45 minutos
Tempo de cozedura: 2h30min

Leve as laranjas ao lume cobertas com água fria, quando levantar fervura reduza o lume e deixe ferver 15 minutos. Escorra a água e volte a fazer o mesmo. Deixe ferver 2 horas (até se espetar a casca com um garfo). Escorra e guarde a água da cozedura. Deixe arrefecer as laranjas e corte em quartos. Retire a polpa puxando com os dedos. Pique-a finamente e ponha num copo medidor com a água da fervura (deve dar 3 litros, se não acrescente água fria). Deite num tacho. Ponha o açúcar e sobre lume médio, mexa até ficar bem dissolvido. Deixe ferver 30 – 45 minutos em lume forte. Tire o tacho do lume e retire a espuma. Deixe repousar 20 minutos e mexa bem.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Lavar os cobertores






 Estou quase sempre a falar de lavar no rio, talvez porque passássemos mesmo muito tempo a lavar no rio. Além da nossa roupa a minha mãe também chegou a lavar a roupa de mais duas casas lá de Martim e nós ajudávamos. Entre tantas lembranças boas desses momentos aquele que me lembro sempre com mais saudade era de quando íamos lavar os cobertores das camas no inicio do verão. Íamos sempre muito cedo, por volta das 5h da manhã; ainda mal se via o dia e já nós íamos todas com as trouxas à cabeça (o Saroto também chegou a ir carregado de cobertores, lembrei-me agora). Mal chegávamos ao rio, ainda meio a dormir, deitávamo-nos no meio dos cobertores enquanto a minha mãe ia lavando um a um, quando chegava aos últimos era quando nós acordávamos. Bebíamos então a cevada já quase fria que ela levava numa garrafa embrulhada numa rodilha e comíamos pão com manteiga, era o melhor dos manjares! Ajudávamos depois a estender os cobertores para secarem e não pesarem tanto quando fossemos para casa. Enquanto secavam era a hora da brincadeira e do banho; íamos para a fraga das raparigas (pedregulho enorme numa das extremidades do rio) de onde saltávamos e mergulhávamos, e era preciso que a nossa mãe nos chamasse muitas vezes até que saíssemos de lá. O regresso a casa era o mais doloroso, depois de toda a energia gasta tínhamos que levar a trouxa dos cobertores, quando chegávamos a casa e a tirávamos a nossa cabeça fazia lembrar a de uma tartaruga a sair da casca.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O saroto



 

Tivemos um burro, chamava-se Saroto porque não tinha rabo. O meu pai já o comprou assim. Foi muito nosso companheiro, era sossegado, talvez porque já não fosse muito novo. Enquanto viveu connosco acompanhava-nos sempre que íamos para o campo. Na altura de lavrar a terra eu ia com o meu pai (por ser a mais velha) para guiar o Saroto enquanto que o meu pai segurava no arado. Tinha que me despachar e ter cuidado para ele não me pisar os calcanhares. Quando íamos buscar lenha íamos sempre montadas nele e ao vir para casa era sempre uma brincadeira, ele carregado com os molhos de lenha e nós de roda dele; quando era para subir as ladeiras dizíamos que se ele tivesse rabo podíamos puxar por ele para nos ajudar a chegar ao cima. No início do Outono, no fim das vindimas tínhamos que ir buscar folhas de videira para ele comer; levava-mos uns sacos de lona para encher. Da primeira vez foi muito fácil, demora-mos talvez uma meia hora a ir e vir com os sacos cheios. Ao chegar-mos a casa o meu pai olhou-nos com espanto e disse que tinha sido rápido mas ao pegar num dos sacos começou a calcar as folhas que ficaram em nada (como quando se coze nabiças ou espinafres). Tivemos que pegar nos sacos e voltar para a vinha, quando regressamos já tinha caído a noite.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Arroz de frango com pimentos

Lembro-me muito bem dos sábados do verão de 1983. Levantávamo-nos muito cedo, por volta das 5h da manhã para irmos lavar com a minha mãe para o rio. Tinha uma tia, irmã do meu pai (que faleceu no ano a seguir aos 33 anos) que vivia pertinho de nós e também ia connosco. Nesse ano passou a série espanhola “ Verão Azul” na televisão e como nós gostávamos muito de ver despachávamo-nos depressa para chegar a tempo. Nesses sábados era a minha tia que fazia o almoço com a ajuda da minha mãe enquanto nós víamos televisão.
Arroz de frango com pimentos:
-parte-se o frango em pedaços pequenos refoga-se em azeite e cebola picada
- Junta-se 2 tomates maduros sem pele e 2 pimentos cortados às tiras
-tempera-se com sal a gosto e um ramo de salsa
- Junta-se a água (3 medidas de água para 1 de arroz)
-deixa-se ferver e põe-se o arroz até estar cozido
 É verdade que o meu fica muito bom mas nunca consegui que tivesse o mesmo sabor que teve naquele verão.
veraoazul1
                           VERÃO AZUL

http://www.youtube.com/watch?v=b4P5xX4euQg

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A minha sala...


O meu quarto foi sempre na sala. A porta da rua dava entrada na cozinha que era espaçosa e esta tinha uma porta que dava para a sala e para dois quartos pequeninos. Um era do meu pai e da minha mãe o outro das duas irmãs do meio, a sala era para mim e para a mais nova; atrás da porta a minha mãe pôs um divã que abria todas as noites e fechava de manhã. (antes disto não me lembro bem). O que sei é que quando tivemos televisão ela foi directamente para o meu quarto, que alegria! Nem importava que ele fosse invadido por todas, assim como o divã… Não víamos tudo o que nos apetecia porque como éramos mazinhas umas para as outras o meu pai resolvia ser mauzão connosco. Lembro-me que a primeira serie policial que segui foi “Dempsey and Mqkepeace”, 1985-86, não sei descrever como conseguia ficar com os olhos pregados no ecrã sem pestanejar, era quase como se entrasse no episódio e vivesse tudo com eles; foi a primeira vez que participei num beijo e nunca mais esqueci a sensação; sabem aquilo que se sente quando se vive intensamente independentemente de tudo? Devem perceber o que digo. A minha mãe dizia que eu saía de mim sempre que via televisão que parecia mesmo uma grola. No dia do último episódio da série o meu pai pôs-nos de castigo. Nem queria acreditar! Como era possível? Fiquei doente, quase para morrer. Não podia ser! Mas a verdade é que ele se foi deitar e tirou a ficha que ligava a televisão à única tomada da sala, mesmo em frente ao quarto dele. A minha mãe deitou-se também, ainda lhe pedi para me dar a ficha, consegui ler-lhe pena no olhar mas ela disse que não; no entanto fechou a porta do quarto. Lembrei-me então de puxar a mesa de jantar para perto da tomada e levar para lá a televisão, tudo no mais profundo silêncio, só se ouvia o meu coração a bater. As minhas irmãs tiveram medo e não me acompanharam. O medo que senti foi mais forte do que as emoções desse último episódio; mas quando me vi deitada no meu divã com tudo no lugar sem ter sido apanhada revivi tudo no pensamento e senti tudo intensamente. Só há três ou quatro anos atrás é que contei ao meu pai. Ficou furioso! Imaginem se me tivesse apanhado!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O rebusco



Depois da colheita da azeitona vinha a hora do rebusco, e vinha o cabo dos trabalhos; todas as tardes durante duas ou três semanas íamos pelos olivais fora apanhar as azeitonas que tinham ficado esquecidas no chão, havia sempre alguém que as comprava o que dava sempre muito jeito. Mas nós fazíamos sempre de tudo menos procurar essas bolinhas pretas pequeninas. Pinchávamos os muros, batuchávamos nos charcos, jogávamos às escondidas;  a noite chegava depressa sem que nós tivéssemos apanhado o que quer que fosse. Chegávamos a casa com os sacos vazios e o nosso pai arreliava-se connosco. Um dia antes de sairmos ele avisou-nos para não virmos para casa de mãos a abanar ou levávamos uma data. Lembro-me bem e ainda consigo sentir a angústia que passamos porque corremos tudo, tudo  e não conseguimos encontrar nenhuma azeitona. A nossa sorte foi encontrarmos a nossa tia no caminho, levou-nos para casa dela e encheu os sacos de azeitona, se já gostávamos dela passámos a adorá-la.

                                                 tia e irmãs - 31/12/1991

domingo, 1 de janeiro de 2012

BOM DIA 2012




"ANSEIO POR LEVAR A CABO
UMA TAREFA GRANDIOSA E NOBRE,
MAS É MEU DEVER
 CUMPRIR PEQUENAS TAREFAS,
COMO SE ELAS FOSSEM
GRANDIOSAS E NOBRES."

(Helen Keller)