sábado, 27 de abril de 2013

E venha de lá o terceiro!




Adorei este segundo volume que é a sequela de Irmãs de Sangue.

" Ler Um Fogo Eterno é como estar sentado numa varanda com um gin tónico na mão a contemplar o pôr-do-sol em África."
                                                                                                                          The times


"- Foi aqui que fizemos a nossa promessa há quatro anos - disse ela. - Cortámos as mãos e fizemos um juramento de sangue em como olharíamos sempre umas pelas outras. E agora que a Camilla voltou, pensei que podíamos renovar esses votos. Não precisamos de tornar a abrir buracos nas palmas das mãos mas podemos pronunciar as palavras. E sei que o Piet ainda as ouve e que está connosco hoje.
 - Prometo nunca esquecer, ser eternamente fiel à nossa amizade e dar apoio às minhas irmãs sempre que precisarem de mim. - Sarah recordava-se exactamente das palavras como se as tivesse proferido no dia anterior. Deram as mãos, enquanto Hannah e Camilla repetiam o voto, e depois permaneceram enlaçadas, à sombra da figueira a que Piet amarrara o seu cavalo e assistira ao juramento inicial. Num dia ensolarado que agora parecia ter tido lugar noutra vida."



quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 de Abril




Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

(Sophia de Mello Breyner Andresen)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Dar uma mostrecada



Ou seja, tropeçar quando se vai a andar. Se a mostrecada for mal dada não nos aleijamos muito, agora se for bem dada corremos o risco de ficar sem a carocha dos dedos! A mim aconteceu-me muitas vezes quando era pequena e andava sempre descalça.


domingo, 21 de abril de 2013

Uma história apaixonante e muito bem escrita





Durante a infância, três meninas de meios sociais muito diferentes tornam-se irmãs de sangue: a irlandesa Sara Mackay, a africânder Hanna van der Beer e a britânica Camilla Broughton Smith juram que nada nem ninguém quebrará o laço que as une. Mas o que o futuro lhes reserva vai pôr à prova os seus sonhos e certezas. Separadas pela distância e pelas obrigações familiares, as três jovens são atiradas para um mundo de interesses em conflito. Camilla alcança o sucesso como modelo na animada Londres da década de 1960; Sarah Mackay é enviada para a universidade na sua Irlanda natal, uma experiência penosa que apenas fortalece a sua determinação de voltar para África; e a família de Hannah Van der Beer esforça-se para manter a fazenda que os seus antepassados africânderes erigiram na viragem do século. Os seus laços serão constantemente postos à prova e, a par do exotismo de África, a sua amizade será pano de fundo para interesses amorosos cruzados e promessas quebradas."



" - Foi uma noite maravilhosa - disse Sarah. - É uma pena que tenha de acabar sem sabermos onde vamos estar todos dentro de alguns dias.
 - Vamos fazer uma promessa - disse Hannah. - Uma  promessa solene como antes. Que voltamos juntos para aqui quando fizermos vinte e um anos.
 - Eu prometo - Camilla estendeu ambas as mãos. - Prometemos todos, não prometemos?
Ajoelharam-se em círculo na areia, rodeados pelo movimento ondulante do oceano escuro, salpicado de estrelas, e abraçaram-se uns aos outros, rindo a um futuro risonho e aos sucessos que relatariam uns aos outros no inebriante momento em que se reencontrassem."



terça-feira, 16 de abril de 2013

Lua Adversa







                                
Tenho fases, como a lua,
Fases de andar escondida,
Fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
Tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,
No secreto calendário
Que um astrólogo arbitrário
Inventou para meu uso.

E roda a melancolia
Seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...).
No dia de alguém ser meu
Não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
O outro desapareceu...

Cecília Meireles,  in 'Vaga Música'


quinta-feira, 11 de abril de 2013

Ma petite soeur est chez moi!




Quelle joie...

Noivas de Guerra





O capitão James Gould chega à Nápoles da Segunda Guerra Mundial com a missão de desencorajar os casamentos entre soldados britânicos e as suas belas namoradas italianas. Quando se torna demasiado bom no seu trabalho, as jovens locais conseguem que ele empregue Livia, uma rapariga de uma aldeia do Vesúvio, como sua cozinheira, na esperança de que as suas qualidades fantásticas na cozinha – para já não falar na sua beleza – o distraiam.
Sob a sua influência, James deixa de se preocupar com assuntos tão pouco importantes como as noivas de guerra, o mercado negro e a corrupção da máfia, entre outros, pois o tempo passado na cozinha pode ser tão divertido e excitante como o próprio banquete da vida!
Mas quando o Vesúvio entra em erupção, destruindo a aldeia de Livia, ele tem de escolher entre obedecer a ordens ou ao coração.

"Nápoles estava tranquila, iluminada por uma lua enorme e, enquanto percorria cautelosamente as ruas empedradas, James sentiu uma ponta de afecto pelo sítio; imprevisível, exasperante, mas capaz de inesperadas surpresas, como pôr uma rapariga adormecida na moto de um tipo a meio da noite e, como se não bastasse, a meio de uma guerra."

Fácil de ler e interessante "quanto baste". 


terça-feira, 9 de abril de 2013

Rotunda do relógio de dia e túnel do grilo à noite!





Isto de conduzir tem muito que se lhe diga. Quem segue o meu blog já sabe que tirar a carta de condução foi a coisa mais difícil que fiz na minha vida até hoje e, neste momento, a mais proveitosa. Lembro-me perfeitamente que só nove meses depois de tirar a carta é que me senti à vontade ao volante, ou seja, senti-me livre e despreocupada e comecei a conduzir com prazer. Visto que trabalho em Lisboa levo sempre o carro porque (podem até não acreditar) fica mais barato do que o passe combinado e ainda por cima ponho-me lá em meia hora, quando primeiro demorava uma hora e quarenta nos transportes públicos. Como faço quase sempre o mesmo trajecto, com o tempo fui-me desenrascando cada vez mais e melhor.
Aquilo que mais adoro é passar pela rotunda do relógio. No início demorava quase uma eternidade para a fazer com tanto cuidado que ia; hoje é o que me dá mais adrenalina tal a rapidez com que a faço. Fico sempre tão orgulhosa quando ultrapasso os outros carros e num abrir e fechar de olhos já estou na Almirante Gago Coutinho.
Já no regresso e pela noite dentro adoro quando saio do túnel do grilo para vir para casa; parece mesmo que estou na via láctea! Um dos melhores prazeres que tenho hoje é sem dúvida conduzir.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Das duas noticias importantes de hoje


Morreu Margaret Thatcher.















"Qualquer mulher que entenda os problemas de cuidar de uma casa está muito perto de entender os de cuidar de um país."



Exumação do corpo de Pablo Neruda 30 anos depois da sua morte (morte por cancro ou envenenamento?)






Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
quem não muda as marcas no supermercado,
não arrisca vestir uma cor nova,
não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
quem prefere o "preto no branco"
e os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis,
justamente as que resgatam brilho nos olhos,
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
quem não se permite,
uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
chuva incessante,
desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
não perguntando sobre um assunto que desconhece
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!

  

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Ouvi na Rádio Renascença


Que o dia de hoje seria dedicado a todas as pessoas que soubessem o que era pôr a roupa a corar. Achei muito engraçado. Viva, hoje é o meu dia!

Quando ia com a minha mãe lavar para o rio, havia algumas peças em que as manchas custavam a sair; então ensaboabam-se bem essas peças e punham-se em carreirinhas seguidas ao sol a corar. E milagre as manchas desapareciam!







segunda-feira, 1 de abril de 2013

Dos livros que li nestes dias





Emily Benedict vai para Mullaby, na Carolina do Norte, na esperança de resolver pelo menos alguns dos mistérios que rodeiam a vida da mãe. Porém, assim que Emily entra na casa onde a mãe cresceu e trava conhecimento com o avô, cuja existência sempre desconhecera, descobre que os mistérios não se resolvem em Mullaby, são um modo de vida: o papel de parede muda de padrão para se adequar ao estado de espírito do ocupante do quarto, luzes inexplicáveis dançam pelo quintal à meia-noite, e uma vizinha, Julia Winterson, cozinha esperança sob a forma de bolos, desejando não apenas satisfazer a gulodice da cidade mas também reacender o amor que receia ter perdido para sempre. Mas porque desencorajam todos a relação de Emily com o atraente e misterioso filho da família mais importante de Mullaby? Ela veio para a cidade a fim de obter respostas, mas tudo o que encontra são mais perguntas. Um bolo de colibri poderá trazer de volta um amor perdido? Haverá mesmo um fantasma a dançar no quintal de Emily? As respostas não são nunca o que esperamos, mas nesta pequena cidade de adoráveis desadaptados, o inesperado faz parte do dia-a-dia.

"Emily recordava-se de que a mãe nunca a deixava ir ao centro comercial devido à competição descarada que aí se fomentava para se ter algo tão bom ou melhor que o vizinho do lado. Dulcie sempre afirmara que a roupa não devia nunca ser tida em conta na determinação do valor de uma pessoa."

"Era natural, supunha, ficar tensa perto dele. Os nossos pares, quando somos adolescentes, serão para sempre os guardiães do nosso embaraço e arrependimento. Era uma das grandes injustiças da vida o facto de podermos progredir nela e sermos felizes e realizados, mas assim que encontramos um colega de liceu tornamo-nos de imediato a pessoa que éramos na altura, não a pessoa que somos no momento."


Os Enamoramentos


María Dolz, uma solitária editora de livros, admira à distância todas as manhãs aquele que lhe parece ser o "casal perfeito": o empresário Miguel Desvern e a sua bela esposa Luísa. Esse ritual quotidiano permite-lhe acreditar na existência do amor e enfrentar o seu dia de trabalho. Mas um dia Desvern é morto por um mendigo mentalmente perturbado e María aproxima-se da viúva para conhecer melhor a história. Passa então de espectadora a personagem, vendo-se cada vez mais envolvida num enredo em que nada é o que parecia ser e em que cada afecto pode converter-se no seu contrário: o amor em ódio, a amizade em traição, a compaixão em egoísmo. A história, narrada na primeira pessoa por María, sofre as oscilações dos seus estados de espírito, dos seus "enamoramentos", evidenciando que todo o relato é tingido pela subjectividade de quem o conta. Ao mesmo tempo, a presença incómoda dos mortos na vida dos que ficam é o tema que perpassa este romance à maneira de um motivo musical com as suas variações. Para desdobrar e reverberar esse mote, Javier Marías entrelaça no seu enredo referências a obras clássicas da literatura, como "Os três mosqueteiros", de Dumas;" Macbeth", de Shakespeare e, sobretudo, o romance "O coronel Chabert", de Honoré de Balzac. Sustentando com maestria uma voz narrativa feminina, o autor eleva aqui a um novo patamar a sua habilidade para nos envolver no mundo interior das suas personagens. Com 'Os Enamoramentos', obra de plena maturidade literária, Javier Marías  reafirma-se como um dos maiores ficcionistas da nossa época.

"Tarde para quê, pergunto eu. A verdade é que não sei. É que só quando alguém morre é que pensamos que já se fez tarde para qualquer coisa, para tudo - e mais ainda para o esperarmos -, e nos limitamos a dar-lhe baixa. Aos nossos próximos também, ainda que nos custe muito mais e os choremos, e que a sua imagem nos acompanhe em espírito enquanto andamos pelas ruas e em casa, e embora acreditemos durante muito tempo que havemos de nos acostumar. Mas sabemos desde o princípio - desde que morrem - que já não devemos contar com eles, nem sequer para as coisas mais insignificantes, para um vulgar telefonema ou para uma pergunta pateta («Deixei aí as chaves do carro? A que horas saíam hoje as crianças?»), para nada. Nada é nada. Na realidade é incompreensível, porque pressupõe que temos certezas e isso é avesso à nossa natureza: a de que alguém já não tornará a chegar, nem a dizer, já nunca mais dará um passo - nem para se aproximar nem para se afastar -, não mais olhará para nós nem desviará a vista. Não sei como resistimos a isso, nem como recuperamos. Não sei como nos esquecemos de vez em quando, quando já passou o tempo e nos afastou deles, que ficaram imóveis."


"Sim, há os que não suportam a desgraça. Não por serem frívolos ou cabeças ocas. Sofrem-na quando os atinge, claro está, como qualquer um certamente. Mas estão prontos a sacudi-la depressa, e sem pôr grande empenho, por uma espécie de incompatibilidade. Faz parte da sua natureza serem leves e risonhos e não verem prestígio no sofrimento, ao contrário da maior parte da pesada humanidade, e a nossa natureza permite-nos sempre consegui-lo, porque quase nada a pode torcer nem quebrar. Talvez a Luísa fosse um mecanismo simples: chorava quando a faziam chorar e ria quando a faziam rir, e uma coisa podia seguir-se a outra sem solução de continuidade, ela respondia ao estímulo que calhasse. Ainda por cima, a simplicidade não está de relações cortadas com a inteligência. Eu não tinha dúvidas de que ela possuía esta última."

Gostei muito de ler este livro; foi o melhor que li este ano.



Das minhas férias da Páscoa


Choveu, choveu, choveu e choveu...

Tirei algumas fotos com o tlm quando dei uns passeios entre chuvadas.

Comi, comi, comi e comi.

ENGORDEI!

E descansei.