segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Ando aqui às voltas com as minhas memórias e ...



... vieram-me ao pensamento aqueles bailes que se faziam ao domingo à tarde, em Martim, há trinta anos atrás. Lá no cima do povo, em casa da Olivia; ou então no largo da capela nova, mais para o lado da taberna do Sr. Zé Vicente. Éramos tão simples nessa altura, tão pouco preparadas para a vida e por isso mesmo tão despreocupadas.

E quem não se lembra desta que dançamos tantas vezes? E de como batia descompassado o coração quando o nosso par, independentemente de quem quer que fosse, se dirigia a nós?





domingo, 27 de outubro de 2013

Raptadas


Como presente de aniversário a minha irmã levou-me ao cinema. Tivemos direito à sala nº2 do Fonte Nova só para as duas! O filme foi intenso, cheio de suspense.




sábado, 26 de outubro de 2013

"Inteligente e soberbamente arquitectado"






Desde o suicídio do seu melhor amigo, Adam adoptou um comportamento distante e praticamente irreconhecível. Por isso, os pais deste adolescente concordam em instalar um programa no computador dele que vigia todos os seus passos. Simultaneamente, a mãe do jovem que se suicidou descobre algo acerca da noite da morte do filho que mudará tudo, mas então a única pessoa que a pode ajudar - Adam - desaparece misteriosamente. Um thriller tenso, repleto de ligações inesperadas e que nos faz questionar até onde iríamos para proteger aqueles que amamos.   

"Então, que aprendera Tia, a mãe, com aquilo tudo? Faz-se o nosso melhor. Mais nada. Age-se com a melhor das intenções. Mostramos-lhes que os amamos mas a vida é demasiado aleatória para se fazer muito mais, realmente, não se pode controlá-la. Mike tinha um amigo, uma antiga estrela do basquetebol, que gostava de citar ditados iídiches. O seu preferido era «O homem planeia e Deus ri-se».Tia nunca fora nessa. Achando que nos dava uma desculpa para não nos esforçarmos ao máximo porque, olha, Deus lixa-nos na mesma. Mas não era isso. Era mais o saber que podemos empenhar-nos, dar a nós mesmos as melhores oportunidades mas que o controlo é uma ilusão. Ou seria ainda mais complicado?"



quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Razoável




Aos oitenta e dois anos e com uma saúde frágil, Olivia sabe que não lhe resta muito tempo. É a última da sua descendência e enfrenta uma escolha colossal: expor um segredo de família há muito escondido ou levá-lo consigo para o túmulo.

Em sua posse encontram-se cartas que provam que, aos dezassete anos, a sua prima e freira Catherine, agora morta e em vias de ser beatificada, deu à luz um rapaz, que entregou para adoção. Hoje, duas gerações mais tarde, Monica Farrell, uma pediatra de trinta e um anos, neta de Catherine, é a herdeira legítima do que resta da fortuna familiar, mas não o sabe.

Poderá Olivia trair o segredo da prima morta para que se faça justiça? Além da sua consciência, tem mais um forte obstáculo: alguns dos familiares que usufruem da fortuna tudo farão para a silenciar…


“ – Encontramo-nos lá às dez menos um quarto. – Monica abriu o armário para tirar o casaco. «Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã; o dia de amanhã terá as suas próprias preocupações», citou, exausta.”



sábado, 5 de outubro de 2013

Este é o tipo de livro que sempre esperamos encontrar, e que raramente encontramos




Neste romance, um jovem judeu polonês escreve um livro sobre o amor e a existência, mas é obrigado a deixá-lo para trás, junto com a paixão que o inspirou, quando a Polónia é tomada pelos nazistas. Décadas depois, o livro reaparece para unir personagens muito diferentes - Leo Gursky, um imigrante em Nova York; Litvinoff, um professor no Chile; Alma Singer, a filha de uma tradutora literária; Isaac Moritz, escritor americano. Em diferentes vozes, cada uma com seu ritmo e sintaxe, 'A história do amor' gira entre ritos de iniciação e acaso.


"Quero dizer isto algures: tentei ser generoso. E no entanto. Houve alturas da minha vida, anos inteiros, em que a raiva levou a melhor sobre mim. A fealdade virou-me do avesso. Havia uma certa satisfação na amargura. Cortejei-a. Vi-a à minha porta e convidei-a a entrar. Estava zangado com o mundo. E o mundo comigo. Estávamos presos num esgar de repugnância mútua. Costumava deixar as portas bater na cara das pessoas. Bufava-me sempre que tinha vontade de me bufar. Acusava os caixas das lojas de me ficarem com o troco, mesmo que tivesse o troco na mão. Até que percebi que estava quase a tornar-me naquele tipo de pessoas que envenenam os pombos. As pessoas atravessavam a rua para me evitar. Era um cancro humano. E para ser sincero, já não estava zangado com ninguém. Há muito tempo que a raiva me abandonara. Tinha-a deixado esquecida num banco de jardim. E no entanto. Já era assim há tanto tempo, não conhecia mais nenhuma maneira de estar na vida. Um dia acordei e disse a mim mesmo: não é demasiado tarde. Os primeiros dias foram estranhos. Tive de treinar o meu sorriso em frente ao espelho. Mas recuperei-o. Foi como se me tivessem tirado um peso de cima. Deixei-me ir, e alguma coisa me deixou ir também."


"Agora que a minha está quase a acabar, posso dizer que a coisa que me surpreendeu mais na vida é a nossa capacidade de mudança. Num dia somos uma pessoa e no dia seguinte dizem-nos que somos um cão. A princípio, é difícil de suportar, mas passado pouco tempo aprendemos a não ver isso como uma perda. Às vezes chega a tornar-se hilariante verificar quão pouco precisamos que se mantenha na mesma para que prossigamos esse esforço a que chamam, à falta de melhor, ser-se humano."





sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Para a minha mulher - Miguel Esteves Cardoso






"Desde que a Maria João casou (oficialmente) comigo há treze anos, damos por nós a casarmo-nos um com o outro, voluntária ou involuntariamente, várias vezes ao dia.
Vou contar só uma. Esta semana, quando voltávamos da praia, a Maria João estava a pentear-se e deu-me uns cabelos soltos para eu deitar pela janela do carro. Tive ciúmes que alguém pudesse apanhar os cabelos dela e disse-lhe. Dei-lhes um beijinho e atirei-os ao vento. E a Maria João disse: "Agora tenho eu ciúmes que alguém apanhe o cabelo com beijinhos teus."
Casámos um com o outro nesse momento.
Já tínhamos casado cinco vezes na praia.
Casar é o que acontece quando duas pessoas descobrem que, por estarem a fazer ou terem feito uma coisa grande ou pequena, são as duas únicas pessoas no mundo. Todas as outras pessoas não podem fazer parte daquele prazer. Aquele prazer só é possível para duas pessoas concretas: ela e eu.
À nossa volta casavam-se muitas outras pessoas, casando-se mais por nós estarmos de fora, juntamente com todas as outras. Às vezes somos nós os espectadores. Vemos outras pessoas a casarem-se: um homem a rir-se leva uma mulher a rir-se nos braços pelo mar adentro e não a deixa cair até ela pedir.
Há cuidado, medo de desiludir, protecção, ternura e vontade de agradar. Depressa percebemos que estão a rir-se juntos, de uma coisa a que só eles acham graça, que é rirem-se os dois de uma mesma coisa.
Casa comigo hoje, Maria João, meu amor.
Vez após vez."

terça-feira, 1 de outubro de 2013

"Um magistral policial metafísico"




ROMANCE que, em jeito de thriller, toca o universal para revelar o ser humano em toda a sua fragilidade e grandiosidade.

Uma história que termina com a tomada de consciência de que, na fronteira entre o bem e o mal, todos somos a um tempo culpados e inocentes, justos e injustos, almas cinzentas e atormentadas.


"É estranha a vida. Não nos previne. Mistura tudo sem nos deixar escolher e os momentos de sangue seguem-se aos momentos de alegria, sem mais. Dir-se-ia que um homem é uma dessas pedras que se encontram pelos caminhos, que ficam dias inteiros no mesmo sítio, e que o pontapé de um vagabundo faz rolar e arremessar para o ar, sem razão. E o que pode fazer uma pedra?"

ADOREI!