segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Gostei muito




Quando Joyce Conway acorda no hospital depois de uma queda grave, sabe que a sua vida nunca mais será a mesma. Não só perdeu o filho que carregava no ventre, como se apercebe que o seu casamento chegou a um beco sem saída. Mas estas não são as únicas consequências. Joyce simplesmente já não é a mesma pessoa. De repente disserta sobre arte e arquitectura europeias, tem hábitos alimentares completamente indiferentes, fala sobre ruas parisienses onde nunca esteve e cruza-se amiúde com um homem a quem se sente estranhamente ligada...
 
 
"Lágrimas quentes rolam-me pela cara, escorrendo pelas bochechas coradas, que me doem de tanto rir, e aperto-as entre as mãos numa tentativa de parar. Subitamente, penso que a felicidade e a tristeza são sentimentos muito próximos. Tão interligados. Separa-os uma linha tão ténue, uma levíssima fronteira que, por entre emoções, estremece e confunde os territórios opostos. O movimento é mínimo, como os finíssimos fios de uma teia de aranha que estremecem sob o peso de uma gota de chuva. Aqui, neste meu momento de riso incontrolável, que me faz doer a barriga e as bochechas, à medida que dou voltas na cama, com a barriga apertada e todos os músculos tensos, o meu corpo é invadido pela emoção e, por isso, atravessa muito ligeiramente a fronteira e penetra no território da tristeza. Lágrimas de tristeza caem-me do rosto enquanto a barriga continua a estremecer de felicidade."